Roma
foi a maior cidade de toda a Antiguidade, e teve também o império
mais grandioso. Foi base para toda a cultura ocidental atual, na
Arte, na guerra, na política, linguagem e assim por diante. Em seu
auge, o Império Romano dominava um quinto da população mundial,
entre 50 e 65 milhões de pessoas, estendendo-se ao redor de todo o
Mar Mediterrâneo e além. Mesmo com tamanha supremacia, como regra,
nenhum império é para sempre. Será abordado a seguir como
aconteceu a queda de Roma em um contexto geral, seus motivos e
consequências.
O Império Romano propriamente
dito foi estabelecido em 27 a.C., ao fim da República Romana. Sua
principal característica era uma estrutura em maioria comercial, ao
invés de agrária, onde as províncias, terras conquistadas pelos
romanos, forneciam recursos como escravos e impostos para a capital
Roma, situada às margens do Rio Tibre, na Itália. Para manter esse
sistema, possuiam exércitos poderosos, uma teia de estradas para
facilitar a logística, e frequentemente guerreavam com povos
vizinhos, seja para defesa ou conquistar novos espaços.
Seu
auge foi em volta de 117 d.C., e a decadência se tornou perceptível
no século III. Sendo a escravidão por dívida considerada ilegal, o
único meio de obter novos escravos era a tomada de terras, mas nesta
época, havia terminado o período de conquistas territoriais. O
exército se dedicava exclusivamente para a defesa, e com a falta de
mão de obra escrava nas lavouras, a produção começou a cair,
enquanto dentro do governo, haviam altos gastos com luxo e corrupção.
Conforme
a lei de oferta e procura, quanto menor a quantidade produzida de
determinado produto e maior a necessidade por ele, maior é o preço,
e vice-versa. Foi isso que aconteceu: a população, tendo que pagar
mais para sobreviver, não mais conseguia pagar os impostos para o
imperador. Os cofres do império se esvaziavam, e não havia dinheiro
suficiente para a construção de estradas, pagamento de salários,
compra de armas, muito menos serviços destinados à plebe. Uma grave
inflação ocorria.
Ao
manter grupos de militares patrulhando as fronteiras muito distantes
dos líderes verdadeiros, esses grupos foram perdendo as
características de lealdade, patriotismo e organização típicos de
exércitos romanos. Eram recrutadas pessoas da redondeza, como
camponeses e até mesmo os “bárbaros”: tribos germânicas que
não estavam sob controle do Império e viviam ao oeste, noroeste e
norte do território, algumas conhecidas por sua selvageria e caos ao
lutar. Outro fator a enfraquecer o exército foi a falta de salário
vindo da capital, que levou muitos a desistirem dos postos.
No
ano de 395 d.C., o imperador Teodósio divide o território romano em
dois: Império Romano Ocidental, cuja capital continuou a ser Roma, e
o Império Romano Oriental, com a cidade de Bizâncio como capital,
que foi rebatizada de Constantinopla sob comando de Constantino.
Esta, por sua vez, se estendeu por mais de um milênio após o fim do
outro império, se tornando o Império Bizantino.
Somada
a condições climáticas, a fragilidade de Roma atraiu a atenção
de muitos povos vizinhos do norte da Europa e regiões da Ásia.
Iniciou-se uma onda migratória desses para dentro de terras romanas,
em sua maioria pacífica, mas com conflitos com o exército romano.
Por medo dos saques e assassinatos, a população urbana, que já
estava em situação extremamente precária, realizou um êxodo
urbano, indo se estabelecer no campo e criando o sistema de colonato,
que consistia na relação entre pessoas com precárias condições
de subsistência e grandes proprietários de terras, que contratavam
seus serviços e, em troca, ofereciam proteção e terras para o
trabalho. Muitos proprietários que possuíam escravos passaram a
libertá-los e a estabelecer também o regime de colonato com eles.
Esse processo acabou por provocar uma decadência dos centros urbanos
e da atividade comercial nas cidades, deixadas nas mãos dos novos
conquistadores.
Os
hérulos, comandados pelo general Odoacro, invadem Roma no ano de 476
d.C., depondo Rômulo Augusto, um imperador de apenas 15 anos que foi
viver com conforto em um castelo em Nápoles, assim dando fim ao
império ocidental.
A queda
de Roma foi um marco na história da humanidade, que permitiu o
desenvolvimento das tantas culturas distintas na Europa, e
consequentemente, tudo o que conhecemos hoje como Hemisfério
Ocidental. As diferentes tribos que tomaram o território romano
deram origem a agrupamentos que hoje são países como Inglaterra,
Portugal, Espanha, França e em diante. No campo, o sistema de
colonato foi uma das primeiras características da Idade Média, que
didaticamente iniciou-se logo após a queda de Roma. O cristianismo,
que ganhou adeptos durante a desestruturação do império, se torna
a religião principal e ajuda a moldar a nova sociedade européia.
Referências
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