O trovadorismo, também conhecido por lírica medieval galeico-portuguesa,
foi a primeira manifestação literária portuguesa. Surgiu em Portugal no século XII,
após cessarem as disputas pelo território lusitano, e durou até a metade do século
XIV. Os cavaleiros perderam suas posições de defender o reino, levando-os a
adotar uma nova função social: assim surgiram os trovadores.
No começo, havia uma disputa pelo título de trovador entre os ex-cavaleiros e
os artistas da plebe, hoje conhecidos como jograis. Os jograis se intitulavam
trovadores, porém os cavaleiros queriam que o título designasse somente os
artistas da nobreza, para enfatizar suas diferenças sociais. Ambos apresentavam ao
público suas composições em forma de cantigas acompanhadas por instrumentos;
os jograis, nas ruas para os cidadãos comuns, e os trovadores nos palácios, para a
corte, além de terem seus poemas registrados em pergaminhos, os cancioneiros,
alguns dos quais chegaram aos dias atuais.
Classificação dos textos trovadorescos:
● Cantiga de Amigo (Poesia Lírica): ambiente rural, linguagem simples e forte
musicalidade (ex: paralelismo – repetição de palavras ou frases). Eu-lírico
feminino, que vive se lamentado porque o namorado foi para a guerra. Amor
natural e espontâneo. Obs.: nesse contexto, "amigo" tem o mesmo sentido de
"namorado".
● Cantiga de Amor (Poesia Lírica): linguagem mais rebuscada, ambientação
aristocrática das cortes. Eu-lírico masculino, que vive se declarando para
uma mulher idealizada, inatingível e distante (amor cortês: convencionalismo
amoroso). Seu amor nunca é correspondido e o homem sempre é inferior à
mulher, como um vassalo (servo feudal) em relação ao seu suserano (senhor
feudal).
● Cantiga de Maldizer (Poesia Satírica): Crítica direta, linguagem agressiva e
zombaria. Às vezes apareciam até palavrões. Eram cantigas usadas para
falar mal das pessoas de modo explícito.
● Cantiga de Escárnio (Poesia Satírica): Crítica indireta, linguagem sutil (jogo
de palavras), ironia e duplo sentido. O nome da pessoa que era zombada não
era revelado.
● Novelas de Cavalaria (Prosa): adaptações das canções de gesta (poemas
que narravam aventuras heroicas). Aventuras fantásticas de cavaleiros
lendários e destemidos. Detalhes da vida e dos costumes da sociedade da
época.
● Teatro: Mistérios (episódios bíblicos), milagres (episódios da vida dos
santos), moralidades (didático-moralista, com personagens abstratos ou
defeitos morais).
Referências
MAIA, J.D. Português Maia - Volume Único. 1ª ed. Ática, 2009.
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